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quarta-feira, 4 de maio de 2011

VINDE A MIM OS PEQUENINOS !!! MAIS NAO E O QUE ESTA ACONTECENDO ??? NOSSAS CRIANCAS ESTAO SENDO ABANDONADAS




Um novo fenômeno social chama a atenção do Ministério Público: o crescente abandono de bebês em locais públicos. Esse fenômeno é mais acentuado nas grandes cidades e o motivo, segundo pesquisas, não é a pobreza da população, pois com o advento dos programas sociais governamentais de distribuição de renda, praticamente 100% das mães consideradas pobres ficam e cuidam dos seus filhos. Os pais que abandonam seus filhos, deixando-os em lixeiras, praças, terrenos baldios, em boa parte estão envolvidos com transtornos mentais, alcoolismo e drogas.
Devemos esclarecer os pais, e principalmente as mães, que muitas vezes ficam sozinhas após a constatação da gravidez, que o abandono da criança pode acarretar para os pais a perda da guarda da criança, além de outras implicações perante a lei, por isso fazemos um apelo: se, seja qual for o motivo, você não puder cuidar do seu filho recém-nascido, procure, ainda na gravidez, o juizado da infância para formalizar o processo de encaminhamento à adoção dessa criança, que é uma alma necessitada de carinho, proteção e educação.
Sobre o assunto a espiritualida


de manifestou-se em 1860, conforme mensagem assinada por "Um Espírito Familiar", e publicada por Allan Kardec no item 18 do capítulo 13 de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", sob o título "Os Órfãos". É uma mensagem que sensibiliza, que faz vibrar as cordas íntimas do nosso coração e que, diante das notícias sobre o abandono de bebês, nos leva às lágrimas e ao sentir profundo desse drama.
Realmente, como deve ser triste ser só e abandonado na infância! Olhos pequeninos que vagueiam pela imensidão, vazios de emoções e repletos de solidão, incertos do futuro, desconhecendo a afetividade. Pobres almas que carregam a tortura do desamor de seus pais e dos semelhantes, que as abandonam em abrigos. Como única referência humanitária, as "tias" e "tios" que se dedicam a cuidá-las e orientá-las.



E exclamamos: por que Deus permite a orfandade do abandono materno/paterno? E explica-nos o espírito que assina a mensagem: "Deus permite que haja órfãos, para exortar-nos a servir-lhes de pais". E completa o ensino com esta lapidar imagem: "Que divina caridade amparar uma pobre criaturinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir-lhe a alma, a fim de que não desgarre para o vício!".
Se não podemos, neste mundo ainda de provas e expiações, evitar o abandono de bebês, podemos trabalhar a sensibilidade nos corações para a solidariedade da adoção. Sim, porque "agrada a Deus quem estende a mão a uma criança abandonada", afirma o instrutor espiritual.



Imaginamos quanta dor se esvai do coração da criança ao ser recolhida por braços amigos, ao ser aconchegada por corações interessados em amá-la. Como o acaso não existe, os pais adotivos podem estar, com esse gesto, corrigindo um ato de desamor em alguma vida passada e, com certeza, permitindo, nesta existência, que esse espírito, agora filho adotivo, possa crescer intelectual e moralmente e, quem sabe, quando jovem ou adulto, reencontrar seus pais biológicos para o exercício da compreensão e do perdão. É assim que a lei de Deus se faz plena e compreendemos que basta uma ação de amor para que séculos de dores e aflições desapareçam.
Nesse entendimento encontramos na mensagem espiritual que nos serve de apoio o seguinte comentário: "Ponderai também que muitas vezes a criança que socorreis vos foi cara noutra encarnação, caso em que, se pudésseis lembrar-vos, já não estaríeis praticando a caridade, mas cumprindo um dever". Por isso bendizemos a lei do esquecimento, para que possamos utilizar o livre arbítrio sem entraves, recebendo de Deus o mérito de nossas boas ações.



Agora, reconhecemos que a adoção e o amparo sócio-educativo governamental à criança abandonada não são solução para o grave fenômeno social. Se existem crianças abandonadas, existem pais que abandonam. Se existem crianças abandonadas, existem homens e mulheres que, indiferentes, as deixam abandonadas pelas ruas das cidades. Sim, exigimos das autoridades públicas providências justas e necessárias, mas fazemos o que nos compete? Amamos as crianças como deveríamos amar? Auxiliamos os pais que passam por dificuldades? Orientamos a juventude para os compromissos da união afetiva? Participamos efetivamente do ser coletivo que é a sociedade?
"Assim, pois, meus amigos, todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa caridade". São palavras do espírito que assina a mensagem, recordando o grande ensino do Mestre Jesus: "amai-vos uns aos outros". E devemos nos amar pela condição de sermos filhos de Deus, e, portanto, sermos irmãos.



Somente o amor pode corrigir o desvio social do abandono dos filhos, pois somente o amor tem o poder de abrandar o egoísmo e sensibilizar o coração. Somente o amor tem o poder de cicatrizar feridas pretéritas e germinar vida rica em alegrias.
Todos os esforços devem ser feitos para o estudo, a compreensão e a prática do amor entre os homens, e isso acontecerá quando colocarmos o amor como base de todos os esforços educacionais do homem; quando o amor for a bandeira sinalizadora de nossa caminhada; quando o amor for a meta a ser alcançada.



Amemo-nos e não teremos a degradação dos vícios do álcool e das drogas. Amemo-nos e não teremos os desvios dos transtornos mentais. Amemo-nos e não teremos crianças abandonadas. Deus sabe que não faremos isso da noite para o dia, mas confere-nos o sagrado tesouro do tempo... O tempo necessário para compreender o amor e amar sem distinções... Por todo o sempre!


Quantas vezes, ainda que na presença de alguém, temos a nítida sensação que em qualquer momento podemos ser abandonados?
Quantas vezes, diante de um atraso, sentimos verdadeiro pânico?
Quantas vezes nos desesperamos diante da possibilidade da pessoa amada nos deixar?
Quem viveu o abandono durante a infância pode sentir um medo incontrolável de ser deixado, procurando evitar a todo custo ser abandonado novamente.
Quando falamos de abandono não é apenas em casos em que uma criança é literalmente abandonada por seus pais, a quem se espera ser amada e cuidada, mas aquelas que são abandonadas através da negligência de suas necessidades básicas, da falta de respeito por seus sentimentos, do controle excessivo, da manipulação pela culpa, ainda que ocultos, durante a infância.


Crianças abandonadas, psicológica ou realmente, entram na vida adulta, com uma noção profunda de que o mundo é um lugar perigoso e ameaçador, não confiando em ninguém, porque na verdade não desenvolveu mecanismos para confiar em si mesma.
O abandono está diretamente relacionado com situações de rejeições registradas na infância e que pode se intensificar durante toda a vida, principalmente quando se vivencia outras situações de rejeição e/ou abandono.


Cada vez que vivenciamos situações de perda é como se estivéssemos revivendo a situação original de abandono, do qual dificilmente se esquece. Podemos sim, reprimir, fugir desses sentimentos, mas raramente conseguimos lidar sem sofrimento diante de qualquer possibilidade de perda e/ou rejeição.
Quando somos rejeitados em nosso jeito de olhar, expressar, falar, comer, sentir, existir, não obtendo reconhecimento de nosso valor, principalmente quando somos crianças, é inevitável que se registre como abandono, pois de alguma maneira, ainda que inconsciente, abandonamos a nós mesmos para nos tornarmos quem esperam que sejamos.
Sente-se abandonado quem não se sentiu acima de tudo amado e isso pode ser sentido antes mesmo de nascer, ainda no útero materno.
Pais que rejeitam seu filho durante a gestação pode deixar muitas seqüelas, em nós, adultos.
Toda criança fica aterrorizada diante da perspectiva do abandono. Para a criança, o abandono por parte dos pais é equivalente à morte, pois além de se sentir abandona, ela mesma aprende a se abandonar.
Conforme percebemos, consciente ou inconscientemente, e ainda muito pequenos, que a maneira com que agimos não agrada aos nossos pais, vamos tentando nos adequar ou adaptar nosso jeito de ser e, aos poucos, vamos nos distanciando de quem somos de verdade, agindo de maneira a sermos aceitos.
É quando começamos a desenvolver o que chamamos de um falso self, a um estado de incomunicação consigo mesmo, gerando uma sensação de vazio.
O falso self é um mecanismo de defesa, mas que dificulta o encontro com o self verdadeiro.


É muito comum que crianças que cresceram em famílias com algum desequilíbrio, proveniente do alcoolismo, agressividade, maus-tratos, ou qualquer outro tipo de abuso, tenha sofrido a negação de seu verdadeiro eu.
Crianças que sofreram em silêncio e sem chorar, ou como alguns relatam: “chorando por dentro”, podem aprender a reprimir seus sentimentos, pois uma criança só pode demonstrar o que sente quando existe ali alguém que a possa aceitar completamente, ouvindo, entendo e dando-lhe apoio, o que nesses casos, raramente acontece.
Pode acontecer dessa criança desenvolver-se de modo a revelar apenas o que é esperado dela, dificilmente suspeitando o quanto existe de si mesma por trás das máscaras que teve que criar para sobreviver.


Alguns pais, inconscientemente, numa tentativa de encobrir sua falta de amor – o que é muito comum, por mais assustador que seja para alguns – declaram muitas vezes seu amor pelos filhos de forma repetitiva e mecânica, como se precisassem provar para si mesmos seu amor, onde as crianças sentem que suas palavras não condizem aos seus verdadeiros sentimentos, podendo gerar uma busca desesperada por esse amor, cuja busca pode se estender durante toda a vida.
Ficar só para essas pessoas pode ser uma defesa para evitar novamente o abandono, gerando um conflito constante entre a necessidade de ser cuidado e o medo de ser abandonado.



É muito comum a criança se sentir abandonada em famílias muito numerosas, onde há muitos irmãos, e os pais não conseguem dar atenção a todos.
Ou quando os pais constantemente estão ausentes pelos mais diferentes motivos, seja em função do trabalho excessivo, viagens, doenças, internações constantes, ou até pela dificuldade em cuidar de uma criança, não conseguindo fazer com que se sinta amada nem desejada naquela família.
A sensação de ter valor é essencial à saúde mental.
Essa certeza deve ser obtida na infância. Por isso que a qualidade do tempo que os pais dedicam aos seus filhos indica para elas o grau em que os pais as valorizam.
Por outro lado, a criança que é verdadeiramente amada, sentindo-se valiosa quando criança, aprenderá a cuidar de si mesma de todas as maneiras que forem necessárias, não se abandonando quando adulta.
Assim como crianças que passaram maior parte de seu tempo com pessoas que eram pagas para cuidar delas, em colégio interno, distante de seus pais, não recebendo amor verdadeiro, mesmo tendo tudo que o dinheiro pode comprar, poderão ser adultos como qualquer outra criança de tenha vindo de um lar caótico e disfuncional, crescendo sentindo-se pouco valiosa, não merecedora do cuidado de ninguém, podendo ter muita dificuldade em cuidar de si mesma.



Ou seja, a maneira com que nos cuidamos quando adultos, muitas vezes reflete a maneira com que fomos cuidados quando crianças.
Precisamos chegar a ponto de perdoar aqueles que de alguma forma nos abandonaram ou que nos causaram uma dor profunda.
Para alguns, essa é uma tarefa fácil, mas temos que admitir que para outros, pode ser praticamente impossível.
Como perdoar um pai bruto, que o fazia trabalhar desde muito pequeno ou pedir dinheiro, do qual depois consumia em jogos e bebidas?
Como perdoar um pai que abusou sexualmente da filha, psicologicamente do filho?
Como perdoar uma mãe que trancava os filhos no armário ou no quarto ao lado enquanto se encontrava com outro homem dentro da casa, ou quando deixava os filhos sozinhos em casa dizendo que ia trabalhar, quando na verdade ia se divertir?
Como perdoar pais que sempre ocultaram a verdade, insistindo na mentira?
Como perdoar um irmão que abusou sexualmente da irmã?
Como perdoar uma mãe que demonstrava suas insatisfações através de gritos com seus filhos?
Como perdoar um pai que batia constantemente na mãe na presença dos filhos?
Como perdoar aqueles que roubaram a infância e inocência de muitas crianças?


Como perdoar aqueles que o deixaram, o abandonaram?
Não é possível perdoar se o perdão for entendido como negação do fato, pois precisamos sentir a dor que ficou reprimida em nossa alma. Perdoar não significa aceitar, mas se permitir sentir e expressar toda a raiva e dor reprimida e encontrar caminhos saudáveis que podem transformar esses sentimentos em experiência e aprendizado.
Ao nos tornarmos mais conscientes de nossas feridas, entre elas as geradas pelo abandono, podemos agir sobre aquilo que vivenciamos, aprendendo a respeitar nossos sentimentos mais profundos, assumindo a responsabilidade pelas mudanças que podemos nos permitir vivenciar no momento presente.
Não se trata de regresso ao lar, porque muitas vezes esse lar nunca existiu.
É a descoberta de um novo lar, o qual cada um de nós pode construir, sem mais se abandonar.
Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática.
Desenvolve o autoconhecimento através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos, importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança interior.

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